Título Original: Before you knew my name

Autora: Jacqueline Bublitz

Editora: Faro Editorial

Páginas: 272

Gênero: Ficção/ Romance Policial

Ano: 2021 

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Sinopse: Quando Alice Lee chegou a Nova York aos 18 anos, com apenas 600 dólares e uma câmera furtada, ela estava procurando por um novo começo. Um mês depois, Alice se torna mais uma vítima de assassinato que não pôde ser identificada. Ruby Jones também está tentando recomeçar depois de um relacionamento conturbado. Ela atravessou o mundo em busca de paz, de uma nova oportunidade… até que encontra o corpo de Alice às margens do rio Hudson. A partir desse encontro, as duas mulheres formam um vínculo inquebrável. Alice tem certeza de que Ruby é a chave para resolver o mistério sobre como tudo aconteceu. Ruby, lutando para esquecer a tragédia que presenciou, se recusa a deixar Alice ir... pelo menos até que ela tenha a oportunidade de contar a própria história. (SKOOB)


'Antes que você saiba meu nome' é um lançamento de 2021 da autora Jacqueline Bublitz, publicado no Brasil pela Faro Editorial.

Vamos acompanhar a história de duas mulheres: Alice Lee, uma jovem do interior sem família que é excluída pelo sistema, e Ruby Jones, uma adulta que percebe que colocou sua vida em espera há anos por um homem comprometido. A história delas se interliga quando Alice é assassinada e Ruby encontra seu corpo, mas o que torna essa história única, é que apesar de morta, Alice continua a narrar sua história e vai explicar as circunstâncias que a trouxeram até o último dia de sua vida. 
Alguns homens ficam obcecados com os mortos tanto quanto com os vivos. - Página 164
Bastou essa premissa intrigante para que eu quisesse ler esse livro imediatamente, não é comum ver garotas mortas contando sua história de vida depois da morte, exceto por livros de fantasia. Eu imaginava que esse livro seria frenético, envolvendo muitos mistérios e investigação, contudo o que eu encontrei aqui foram muitas reflexões e críticas sociais, 'Antes que você saiba o meu nome' não é um livro de suspense policial comum, na verdade, eu classificaria a história como drama. 

Com poucos diálogos, vamos entendendo o tamanho do descaso na vida de Alice Lee, com uma estrutura familiar inexistente, anteriormente composta por uma mãe que se suicidou e uma cuidadora relutante, Alice foi deixada por sua própria conta em risco, e logo ela é alvo de predadores como, o Sr. Jackson, seu ex-professor que demonstrava um interesse sexual e tão logo pôde, usou a sua situação vulnerável para encurralar uma adolescente negligenciada numa clara relação abusiva. 
Se a minha morte foi de fato destinada, no final, era o meu destino ou o dele? - Página 181
Ao passo que Ruby, ao meu ver também vítima de uma relação abusiva, resolveu se desprender do estigma de amante e cruzar o oceano em direção a Nova York, ela logo descobre que é mais difícil do que parece deixar certos hábitos para trás. Encontrar o corpo de Alice pode ter aberto um mundo de possibilidades que Ruby não esperava, pois o trauma a deixou próxima de pessoas que não tinham nada em comum com quem ela era e talvez essa seja a oportunidade de deixar seu antigo eu de lado e redescobrir quem ela quer ser. 


Apesar dos questionamentos interessantes – principalmente acerca da morte, isso me deixou instigada a ler os livros da autora Caitlin Doughty, famosa por escrever sobre a morte – e das críticas sociais, ambos extremamente pertinentes; esse livro peca por ser um misto de divagações que levam a poucas conclusões, principalmente quando Ruby anda em círculos sobre seu caso com Ash, foi irritante acompanhar a sua falta de amor próprio, chegou ao ponto de parecer uma obsessão por parte dela. 

Além disso, não gostei como o Sr. Jackson foi retratado, estava claro desde o início que ele era um pedófilo nojento, mas senti que a autora tentou humaniza-lo várias vezes, inclusive Alice delira sobre possíveis futuros nos quais eles seriam uma família comum, isso de um homem que já a desejava sexualmente desde os quinze anos! A verdade é que esse livro me deixou imensamente triste por todas as garotas que estão em situações vulneráveis e portanto, são as vítimas preferidas para estes criminosos, ademais de temer por todas as mulheres que como eu, podem passar de vítimas a culpadas simplesmente por terem comportamentos julgados (majoritariamente por homens) como inconsistentes para os seus padrões pré-estabelecidos de mulheres inocentes. 


Recomendo esse livro para todas as mulheres e homens, para refletir sobre a nossa vulnerabilidade social e sobre como vivas ou mortas ainda estamos sendo cotidianamente analisadas sob as lentes de uma sociedade patriarcal injusta. Contudo, estejam cientes de que o livro pouco se assemelha a uma estrutura narrativa de um suspense policial.

NOTA:

Jacqueline Bublitz é escritora, feminista e tem fobia de aranhas. Vive entre Melbourne, Austrália, e sua cidade natal na costa oeste da Ilha Norte da Nova Zelândia. A inspiração para escrever essa história surgiu depois de passar um verão em Nova York e lá percorrer cantos escuros dos parques da cidade e pensar bastante sobre a psique humana. Hoje trabalha num novo livro que também explora temas como o amor, a perda e disseca habilmente como os desequilíbrios de poder da sociedade moldam a vida das mulheres.

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