Título Original: Dear Martin
Autor: Nic Stone
Editora: Intrínseca
Páginas: 256
Ano: 2020
Gênero: Ficção / Jovem adulto / Literatura Estrangeira / Romance
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Sinopse: Justyce McAllister é um garoto de dezessete anos com um futuro brilhante pela frente. É um dos melhores alunos de uma prestigiada escola de Atlanta, tem uma mãe amorosa e um melhor amigo incrível. No entanto, um episódio de violência policial traz à tona que a distância entre ele e seu futuro é quase um abismo. Porque Justyce McAllister é negro, e isso significa que, muitas vezes, é julgado pela cor de sua pele. Ao ser agredido e detido injustamente, o olhar de Justyce desperta para um novo mundo, um lugar solitário em uma sociedade que insiste em vê-lo como ameaça ou como promessa de fracasso. Ele se dá conta, então, de que não pode mais fingir que não tem nada errado e decide iniciar um projeto: escrever cartas para Martin Luther King Jr., um dos mais importantes ativistas políticos pelos direitos dos negros, símbolo da luta contra a segregação racial nos Estados Unidos, morto em 1968. Ao tentar aplicar os ensinamentos de Luther King em sua vida, Justyce começa a trilhar um caminho para entender não só como deve reagir diante das injustiças, mas que tipo de pessoa ele quer ser. Em meio a questões familiares, desentendimentos com os amigos e complicações da vida amorosa, nas cartas ele expõe suas dúvidas, sua angústia, sua revolta e a percepção clara de que a sociedade não é tão igualitária quanto deveria. No livro de estreia de Nic Stone, vemos Justyce passar pelos desafios da adolescência, amadurecer e encarar o racismo que tanto afeta sua existência. Comovente e extremamente necessário, Cartas para Martin é um relato sobre ser um jovem negro e sobre o direito inalienável de existir. Um livro impossível de ignorar. (SKOOB)
'Cartas para Martin' é o livro de estreia da autora Nic Stone, ele foi lançado em 2020 pela Editora Intrínseca aqui no Brasil.
Seguimos a história de Justyce McAllister, um garoto negro que ao tentar ajudar sua ex-namorada bêbada e impedi-la de dirigir, é abordado por um policial branco e algemado acusado de tentar assediá-la, a partir daí Justyce percebe que não importa o quanto se esforce, ele sempre será julgado pela cor da sua pele. Depois desse episódio traumático, ele resolve iniciar um projeto intitulado “Ser como Martin” que consiste em escrever cartas para Martin Luther King e tentar pôr seus ensinamentos em prática.
Esse livro saiu em um momento importante: quando surgiram diversos casos de pessoas negras sendo mortas por policiais brancos em circunstâncias suspeitas, com isso o movimento Black Lives Matter ganhou destaque internacional e esse livro, como tantos outros que trabalham esse tema, despertaram o meu interesse. Pela sinopse percebe-se que essa não será uma história fácil e o livro aborda diversos gatilhos: violência policial, crime de ódio e racismo, então se você é um leitor sensível, esteja atento a esses possíveis gatilhos.
As pessoas que fazem história raramente se encaixam. - Página 53
A narrativa é fluida e a diagramação da editora está impecável, eu fiz a leitura em dois dias, mas poderia ter lido ainda mais rápido se quisesse; a história é contada na perspectiva do Justyce e é angustiante perceber a ilusão de mundo que ele tinha ruir, apesar de ter nascido na periferia, ele recebeu uma bolsa integral na Escola Braselton e portanto, está cercado de pessoas brancas e ricas, por conta dessa diferença de realidade, ele acreditava que situações como essa não poderiam acontecer com ele, afinal ele jamais tinha se envolvido em algo ilegal.
A partir de então, ele começa a questionar tudo e todos, ignorar as piadas preconceituosas feitas pelos seus colegas de turma se torna algo impossível, ele passa a acompanhar avidamente notícias sobre garotos negros mortos pela polícia e o sentimento se torna ainda mais conflitante quando seu melhor amigo Manny, o único garoto negro rico da escola, é conivente com essas situações. A autora teve muita sensibilidade ao mostrar ambas as realidades, Manny é um garoto privilegiado que a vida toda conviveu com pessoas brancas, apesar de saber que é negro, suas vivências são tão diferentes ao ponto dos outros garotos embranquece-lo inconscientemente.
No fim das contas, a única questão que importa é: se nada no mundo mudar, que tipo de pessoas você prefere ser? - Página 186
Amei as cartas que foram escritas, confesso que conhecia pouco sobre Martin Luther King, principalmente por ele ser uma figura de destaque estrangeira, mas o livro aguçou minha curiosidade e me vi pesquisando sobre sua vida ao encerrar a leitura. O leitor sente a ânsia de Justyce em encontrar consolo nas palavras do Dr. King, mas à medida que a verdade vai sendo distorcida e pior ainda, uma perda monumental acontece, tudo isso cai por terra e Justyce percebe que todo o seu esforço foi em vão, e depois de tantos anos os negros seguem sendo considerados inferiores.
Apesar de ser um cara sensacional, eles mataram o Martin mesmo assim. - Página 185
Mesmo assim, essa leitura não foi perfeita, fiquei bastante incomodada com a postura do Justyce em relação as mulheres, tem momentos que ele se mostra tão maduro e inteligente, para simplesmente agir como um adolescente burro e superficial. Senti que ele estava comparado Melo e SJ em diversos momentos, levando em consideração apenas atributos físicos e isso não me convenceu. Também não gostei da postura da mãe dele, depois de tudo que o Justyce sofreu, eu sinto que ela estava somente perpetuando um ciclo de violência gratuita que não levaria a nada.
No geral, 'Cartas para Martin' foi uma leitura maravilhosa, Nic Stone abordou temáticas importantes de forma responsável e com uma linguagem simples, o melhor de tudo é que a autora é negra, logo temos a perspectiva de alguém diretamente afetada por essa desigualdade. O livro me deixou bastante reflexiva e apesar de não ter chorado, fiquei chocada durante determinado momento (vocês saberão quando lerem o livro) e tive que pausar a leitura. Deem uma chance a essa história e principalmente, reflitam e debatam sobre a igualdade.
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NOTA:

Nic Stone é uma das vozes mais celebradas da literatura jovem atual. Seu romance de estreia Cartas para Martin, foi best-seller do The New York Times e lhe rendeu sucesso internacional. Nascida e criada em um subúrbio de Atlanta e formada na Spelman College foi aos vinte e três anos, numa temporada em Israel, que ela descobriu sua verdadeira vocação: contar histórias. Tendo crescido em contato com uma gama diversa de culturas, religiões e contextos sociais, seu maior objetivo é trazer essas diferentes vozes para o seu trabalho.
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