[Resenha] Areia Movediça - @intrinseca

Título Original: Störst av Allt
Autor: Malin Persson Giolito
Páginas: 352
Gênero: Crime / Literatura Estrangeira / Suspense e Mistério
Editora: Intrínseca
Ano: 2019
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Sinopse: O livro que originou a série da Netflix Toda história tem mais de um lado. Em qual deles você vai acreditar? A vida de Maja Norberg parecia incrível: ela era jovem, bonita, inteligente e popular. Nada iria dar errado. Até que houve o tiroteio na escola: seu namorado e sua melhor amiga estão mortos e ela é a única acusada dos crimes. Maja não consegue refazer mentalmente os caminhos que a colocaram nessa situação, mas uma coisa é certa: ela é a adolescente mais odiada da Suécia. Após nove meses na prisão, é hora do julgamento. Os advogados estão usando todos os recursos possíveis para provar sua inocência, mas a promotoria, a mídia e os olhares de todos à sua volta nitidamente desejam o oposto. Narrado do ponto de vista de Maja, que trata o leitor como um confidente, Areia movediça entrelaça as memórias da garota a um cenário de tensão racial e econômica que, aos poucos, ajuda a revelar as peças de um surpreendente quebra-cabeças. Panorama perspicaz de uma juventude desmoronando, o livro toca em temas como imigração, conflito de classes e o isolamento adolescente, embalados por uma ótima narrativa de crime e tribunal. (SKOOB)

Oiiii, gente! Tudo bem? 
'Areia Movediça' é um recente lançamento da Editora Intrínseca, eu estava muito ansiosa para tê-lo em mãos, pois queria muito assistir à série de mesmo nome na Netflix, inclusive a série foi lançada antes do livro aqui no Brasil. A capa do livro é a mesma da série, apesar de eu não gostar de pessoas na capa, acredito que essa seja perfeita, ilustra muito sobre o enredo de 'Areia Movediça'.

O contexto principal abordado em 'Areia Movediça' é de extrema relevância, falar sobre ataques com tiroteios no ambiente escolar é uma temática que li em poucos livros e ver que esse livro teria isso já me deixou interessada. A protagonista Maja está presa por ter sido apontada como coautora e cabeça de uma chacina na sala em que estudava.

O livro já me prendeu desde a primeira página, pois já é mostrada a sala de aula com vários corpos pelo chão e nossa protagonista é a única pessoa viva no recinto, quando virei a página já era a audiência de julgamento de Maja Norberg. Mas não se engane (como eu!) nada é tão óbvio, primeiramente porque a história é narrada em primeira pessoa e aí um ponto positivo, vamos descobrindo passo a passo o que aconteceu, o enredo tem tempo cronológico e psicológico, acompanhamos a Maja livre e depois presa.

As pessoas adoram me odiar, elas odeiam tudo ao meu respeito. - Página 23

Por várias vezes Maja cita Sebastian e ao voltar nas suas memórias descobrimos que eles eram namorados e que ele está morto, ele também participou do tiroteio (não é spoiler) mas ela que leva a culpa de tudo, afinal ela foi a única sobrevivente. No entanto não sabemos logo de cara se ela é mesmo a grande vilã ou simplesmente uma vítima de tudo isso, pelo fato dela mesma narrar, muitas vezes me vi submersa nos pensamentos e personalidade de Maja e confesso que em muitos momentos tive que parar a fim de digerir todo o turbilhão de emoções que essa história tem.

As pessoas estão interessadas em ouvir apenas aquilo que já acham que já sabem. - Página 107

A escrita de Malin Persson é magnífica, fiquei muito curiosa em saber mais sobre Maja, a autora faz uma análise psicológica tão intensa que realmente fiquei impressionada, amo quando os autores aprofundam na construção de um personagem e o mostra multifacetado, isso intriga o leitor e ao mesmo tempo o deixa dentro da cabeça do personagem, fica mais fácil entender as motivações, os medos e anseios do personagem, Malin entrega personagens complexos, nada previsíveis e reais.

Vários momentos do livro me fizeram refletir, Maja é rica e tem pais aparentemente atenciosos, mas ao longo do enredo somos levados a perceber a hipocrisia, a falta de atenção com a vida da filha que está se afundando, porém mais importante para a família dele é manter a aparência de família perfeita, mesmo que estejam em ruínas. A família de Sebastian é ainda pior, desestruturada, um pai abusivo e a relação entre eles é a pior possível, mas ao mesmo tempo a autora joga verdades sobre como por fora tudo está perfeito, não somente esses núcleos são trabalhados, tem também Amanda, melhor amiga de Maja, Samir que é um garoto refugiado e que estuda na mesma escola de Maja, inclusive esse personagem é muito bem trabalhado, a autora faz uma crítica forte ao modo como a sociedade europeia trata refugiados, ela também denuncia a xenofobia.

Há palavras que podem ser sentidas em todo seu corpo. - Página 173

Gostei muito de 'Areia Movediça', mas como já destaquei, o que mais me agradou foi a forma crítica e real com que a história se desenrola. Se você gosta de leituras que toque nas feridas da sociedade, seja direto e com um enredo de tirar o fôlego, esse é o livro ideal. Gostei muito da análise psicológica que é feita durante todo o livro, a escritora é diferenciada. Uma leitura intrigante e um desfecho condizente, que livro!

Eu não satisfeita somente com a leitura, também me aventurei em ver a adaptação para a Netflix e já adianto que é bem fiel ao livro e destaco como ponto positivo, gostei de ver os personagens ganharem vida, Maja e Sebastian são exatamente como descritos no livro, os detalhes da série são tão parecidos com o livro que reconhecemos a maioria das cenas.

Recomendo muito a leitura de 'Areia Movediça' (inclusive, esse título faz todo o sentido!), mas já alerto que os assuntos massacre em escola, estupro, abandono e mortes podem trazer alguns gatilhos para algumas pessoas. Leia o livro e assista à série, ambos valem muito a pena.

E você, já leu 'Areia Movediça'? 

Ficou com vontade de ler? 

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NOTA: 

MALIN PERSSON GIOLITO nasceu em Estocolmo, na Suécia em 1969, e cresceu em Djursholm. Trabalhou como advogada para o maior escritório de advocacia da região nórdica e como funcionária da Comissão Europeia em Bruxelas. Areia Movediça é seu mais recente romance, vendido para 29 países e adaptado como série pela Netflix. Malin mora em Bruxelas, Bélgica, com o marido e as três filhas.