[Resenha] Quem tem Medo do Feminismo Negro? - @cialetras

Titulo Original: Quem tem Medo do Feminismo Negro?
Autora: Djamila Ribeiro
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 152
Ano: 2018
Gênero: Ensaios
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Sinopse: Quem tem medo do feminismo negro? reúne um longo ensaio autobiográfico inédito e uma seleção de artigos publicados por Djamila Ribeiro no blog da revista CartaCapital, entre 2014 e 2017. No texto de abertura, a filósofa e militante recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que chama de “silenciamento”, processo de apagamento da personalidade por que passou e que é um dos muitos resultados perniciosos da discriminação. Foi apenas no final da adolescência, ao trabalhar na Casa de Cultura da Mulher Negra, que Djamila entrou em contato com autoras que a fizeram ter orgulho de suas raízes e não mais querer se manter invisível. Desde então, o diálogo com autoras como Chimamanda Ngozi Adichie, bell hooks, Sueli Carneiro, Alice Walker, Toni Morrison e Conceição Evaristo é uma constante.Muitos textos reagem a situações do cotidiano — o aumento da intolerância às religiões de matriz africana; os ataques a celebridades como Maju ou Serena Williams – a partir das quais Djamila destrincha conceitos como empoderamento feminino ou interseccionalidade. Ela também aborda temas como os limites da mobilização nas redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil, além de discutir a obra de autoras de referência para o feminismo, como Simone de Beauvoir. (SKOOB)

Com uma narrativa quase de memória, Djamila abre seu livro, com uma visita a sua infância, contando acontecimentos que a marcaram durante esse período e que consequentemente a levaram até o ponto em que hoje ela se encontra. Em 'Quem tem Medo do Feminismo Negro?', Djamila constrói junto ao leitor como chegou ao "ser feminista" assim como discorre sobre como foi vivenciar e se levantar na luta contra o racismo.

Nas paginas seguintes a essa introdução, somos saudados com textos escritos pela autora e vinculados na Carta Capiral, local onde Djamila possuiu uma coluna. De tópicos mais abrangente a tópicos mais pontuais, a autora desenha um panorama sobre as questões raciais no Brasil, assim como questões femininas e convergência de ambos. Através de exemplos muito recentes e palpáveis para os leitores, Djamila desmistifica conceitos e nomenclaturas e esclarece o óbvio: o Brasil é um país preconceituoso e é preciso pensar a mulher negra dentro do movimento feminista de uma forma diferente. 

Quem me conhece sabe que eu sou apaixonada por TedTalks, foi através dessa plataforma que eu conheci a Djamila, e preciso confessar que foi amor à primeira "fala". Desde então tenho tentado acompanhar o trabalho dela, por isso, logo que vi que o livro 'Quem tem Medo do Feminismo Negro?' seria publicado pela Companhia das Letras, fiquei super ansiosa pra ler.

Com uma escrita simples, e quase didática, a autora discorre sobre temas muito pontuais na nossa sociedade hoje em dia, de tal forma que prende o leitor do início ao fim.

Outro ponto positivo é o fato do livro ser composto por textos muito atuais, e os fatos que inspiraram a autora serem muito recentes e por isso frescos na nossa lembrança. Por ter esse formato, o livro acaba ganhando uma dicção diferente, o que ajuda também na fluidez da leitura.

Djamila Ribeiro trás inúmeras citações dentro de seus textos, enriquecendo ainda mais o conteúdo do livro, e confesso que foi MARAVILHOSA a sensação de abrir a página de leitura sugeridas pela autora e encontrar vários nomes já conhecidos (e alguns lidos).

Sem ter que pensar duas vezes, 'Quem tem Medo do Feminismo Negro?' , foi até o presente momento a melhor leitura feita por mim nesse ano de 2018. Esse é um livro que eu indico para todas as pessoas que têm algum interesse no assunto, e para aqueles que querem começar a se aprofundar ou até mesmo entender esse tópico, também recomendo muitíssimo a leitura desse livro.

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NOTA: 

Pesquisadora na área de Filosofia Política e feminista. Graduou-se em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo, em 2012, e mestre em Filosofia Política na mesma instituição, em 2015. Suas reflexões abordam os seguintes temas: relações raciais e de gênero e feminismo. Atualmente é colunista online da Carta Capital, Blogueiras Negras e Revista AzMina e também possui forte presença no ambiente digital. Em maio de 2016, foi nomeada secretária-adjunta de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo durante a gestão do prefeito Fernando Haddad. Escreveu o prefácio do livro "Mulheres, raça e classe" da filósofa negra e feminista Angela Davis , obra inédita no Brasil e que foi traduzida e lançada em 2016 pela Editora Boitempo. Organizadora da coleção Feminismos Plurais, da Editora Letramento. Coleção que visa abordar aspectos e perspectivas dos feminismos, tendo como pilar as mulheres negras e indígenas e homens negros como sujeitos políticos. “O que é lugar de fala?” é a primeira obra da coleção, escrita pela própria Djamila Ribeiro.