Título Original: Sunamuh - A Fuga
Autor: 
Hebert Silva Costa
Gênero: Dark Fanasy
Páginas: 343


Sinopse: "Sunamuh - A fuga" acompanha a história de Retlaw Etihw, um jovem de dezoito anos que vive no reino Saditipuc, este que faz parte do império Sunamuh. Ele é uma pessoa com o temperamento explosivo, que discorda do modo como o governo trata a população de seu reino e como a instituição religiosa "Ordem" fundamenta as atitudes autoritárias do rei. Contudo, ele nunca conseguiu expressar suas angústias quanto a estes temas, pois as leis imperiais são extremamente opressoras, retirando a liberdade da população, principalmente da casta mais baixa, os nortenhos. Portanto, a sua trajetória consiste em uma busca para suprir tais angústias. O contexto da narrativa é a guerra entre os reinos Saditipuc e Oisulli, esta que assola as terras do império. Em decorrência deste confronto, as pessoas são proibidas de saírem de dentro dos domínios reais, sendo que qualquer tentativa de fuga constitui o crime mais grave previsto nas leis imperiais.

Já comentei por aqui que quando leio muito um mesmo gênero literário, logo vou me saturando, ficando mais exigente com os enredos e achando que tudo é mais do mesmo. Por isso quando o autor Hebert Silva Costa entrou em contato comigo, vi que era uma boa oportunidade para sair da minha zona de conforto. Além do mais ele veio com uma proposta um tanto quanto tentadora: ler uma 'Dark Fantasy', com o ambiente e o sistema de governo inspirados em histórias distópicas. E se você ainda não me conhece, saiba que eu sou 'aloka' da distopia. Por isso me interessei imediatamente pela sua história.


Em 'Sunamuh - A Fuga' conhecemos Retlaw, ele é um nortenho do reino de Saditiopuc, o que significa que faz parte da casta mais inferior desse reino. Os nortenhos além de serem tratados como lixo por conta de sua classe social inferior, também são marcados com um ferro quente em forma de triângulo em seus pescoços quando nascem, essa é uma forma de identifica-los, já que sua casta deve obedecer cegamente as leis do império e ao toque de recolher, caso contrário são punidos de forma violenta ou com pena de morte.

Apesar dos pesares, Retlaw é um jovem inteligente, bondoso, mas extremamente impulsivo e explosivo, ainda sim ele não é um nortenho qualquer, graças a influência de um amigo sulista da família, o garoto tem o privilégio de ser o único de sua casta a frequentar a academia que treinam os futuros soldados desse reino. É lógico que vendo tanta injustiça com o seu povo, essa é a ultima coisa que ele deseja se tornar, e graças a isso vive em pé de guerra com seu pai, que não quer os filhos  sendo punidos por ir contra as leis.

Uma certa noite alguns soldados invadem sua casa ordenando a pena de morte para seu pai e prisão perpetua para Retlaw, sua mãe e sua irmã Haras, pois de acordo com as acusações, a família de Retlaw cometeu o crime de traição ao rei. Além de estar sendo traído pelo próprio amigo da família que o colocou na academia, Retlaw sabe que seu pai mais do que ninguém vem o reprendendo por seus pensamentos de liberdade, então ao perceber que se trata de algo muito errado, ele acaba fugindo para tentar salvar a vida de sua irmã, no entanto essa fuga irá desencadear uma série de acontecimentos, que vão desde o pior erro cometido por Retlaw como também a oportunidade de se livrar de um governo opressor. Só que nessa, nosso protagonista irá se deparar com coisas que vão além do seu conhecimento, pois muito ao contrário do que ele pensa, o mundo é bem maior do que as muralhas que cercam o império de Sunamuh!


Dá para acreditar que esse resumo é só a ponta do iceberg que envolve esse enredo? Vocês não tem ideia do perrengue que nosso protagonista enfrenta por aqui, mas já posso adiantar que o primeiro capitulo é extremamente impactante, e que quando eu pensava que as coisas não poderiam ficar piores, elas ficavam (hahaha). Ainda sim a criatividade de Hebert Silva Costa me fez viajar por uma leitura cheia de plot twist, o que eu particularmente gosto muito!

Esse mundo criado pelo autor nos leva a um universo pós guerra onde a população vive em uma espécie de era medieval, nela o povo é tratado por um regime totalmente autoritário onde os que vem de uma classe inferior não tem vez. Não existe estudo para essas pessoas, muito menos conhecimento, os livros antigos foram destruídos pelo império e apenas os autorizados pela 'Ordem' podem ser lidos. A liberdade é algo incontestável, uma vez que os muros que cercam o reino de Saditipuc protegem todos da guerra contra o reino Oisulli, o que significa que ninguém além do governo e da 'Ordem' são autorizados a deixar Saditipuc.

"Lembrem-se, a vontade do rei é a vontade das divindades e ela será respeitada por todos a qualquer custo."

De uma forma geral pude observar que a injustiça social pela qual os personagens deste livro enfrentam não vão muito além do que as que acontecem em nosso próprio mundo. E o mais divertido foi ver o autor 'brincar' com as coisas pelo qual já passamos, ou ainda estamos passando na vida real, dentro dessa ficção. As referências e filosofia expostas no enredo, deixaram tudo ainda mais interessante. No entanto toda a crueldade vivida pelos personagens de 'Sunamuh - A Fuga' foram o que mais me fizeram refletir aqui.

Até onde o ser humano é capaz de ir por conta de suas ambições? Até quando vamos cometer injustiças uns aos outros a troco de poder, ou até mesmo a troco de nada?


'Sunamuh - A Fuga' ainda é uma obra independente, mas da qual eu torço muito para que seja publicada o quanto antes (você pode colaborar clicando aqui), para que mais pessoas possam se identificar e refletir com essa espécie de critica social que Hebert Silva Costa nós trás. O livro é também o primeiro de uma série, e a única parte em que eu me senti de certa forma incomodada foi com a da comercialização de uma planta proibida na história. Não consegui entender cem por cento onde o autor queria chegar com isso, mas acredito que foi mais uma associação a mais um dos problemas que enfrentamos em nossa sociedade no Brasil.

NOTA:

Herbert Silva Costa, nasceu em 01/10/1993, é natural de São José dos Campos/SP, contudo, com apenas um ano de idade se mudou para Santo André, local em que tem residência estabelecida desde então. Em relação a literatura, com onze anos começou a ler com o livro “A Sétima Torre – A Queda”, obra que o introduziu no mundo da literatura fantástica e que lhe despertou o interesse pela leitura. Sendo que o responsável pelo desejo de escrever foi o livro “O Nome do Vento”. É graduado no curso de Direito. Começou a escrever devido a necessidade que tinha de transmitir seus pensamentos e uma visão sobre a sociedade.

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