Memórias da minha infância e adolescência

Dessa vez passei da conta em relação ao atraso da postagem coletiva ... 'Memórias da minha infância e adolescência' foi o tema do mês de agosto do projeto de escrita mensal do Universo Alternativo - criado pela Jaqueline do blog 4sphyxi4 (ver detalhes aqui). E a demora se deve ao fato de que nunca fui de falar muito sobre os dramas do meu passado, mas no dia em que me inspirei e escrevi esse post, percebi que me sinto muito mais a vontade hoje em dia ao tocar nesse assunto que até alguns anos atrás eu não achava nada confortável.

Quem entra no meu quarto pode até achar minha decoração um tanto quanto infantil, e confesso que eu gosto muito dela assim, pois foi na minha infância e adolescência que vivi algumas das minhas melhores recordações (amizades sinceras, as aulas e apresentações de jazz, as brincadeiras com as outras crianças da minha rua), assim como algumas das piores também (a morte do meu pai, a dor de ser criada sem pai e mãe, a mudança de cidade, escola e a distância dos amigos). Então olhar ao redor do meu quarto e ver tantos itens que me leva de volta aos momentos bons do passado, é sim algo inspirador.

Eu não falo muito do meu passado por aqui, mas já que a proposta é essa, vamos lá!

O ser humano não costuma lembrar de muita coisa dos seus primeiros anos de vida, no entanto sempre tem aqueles flashes de memórias, e no meu caso eu me lembro de poucos momentos dessa fase, mas certas coisas são difíceis de esquecer. Por isso agora vou contar um pouquinho de coisas que não se apagaram tão fácil da minha memória.

Uma vez eu estava muito triste porque era dia das crianças e minha prima Aline ganhou uma porção de jogos, meu pai me viu chateada e depois de algum tempo me chamou no quarto e pediu para pegar o tênis dele de baixo da cama, quando eu me abaixei dei de cara com uma caixa enorme da casa da Barbie. Foi um momento que eu mesmo trago na minha lembrança até hoje, ele deixou muita saudade na minha vida.

Eu e a Aline fomos criadas como irmã, e uma vez eu fui com a mãe e o pai dela no mercado fazer compra, e nós vimos uma sopa de espinafre do Popeye e como gostávamos muito do desenho ficamos fazendo birra até meu tio por a sopa no carrinho. Ele falava que era ruim, porque tinha espinafre e a gente não gostava, e acabou cedendo com a condição de que chegando em casa a vó faria a sopa e nós comeríamos toda. O final vocês já podem imaginar, não conseguimos comer mais que uma colherada, e ficou a lição no fim das contas (hahah).

Quando eu tinha mais ou menos 10 anos a minha vó decidiu que eu precisava praticar algum esporte, e minha vontade era fazer ginastica olímpica, só que quando fomos fazer minha matricula a academia disse que eu já era velha de mais para o esporte. Foi aí que minhas primas mais velhas (Cristina e Cristiane) me convenceram a entrar no Jazz. No começo eu não gostei da ideia, mas depois virou minha inspiração na vida, eu queria muito ter virado profissional, mas quando mudamos de cidade acabei deixando esse sonho para trás por conta da falta de academias de dança na minha cidade nova.

Ainda nessa época meu desenho favorito era Sailor Moon, e um dia fui no shopping com a minha vó e dei de cara com uma Barbie da Serena, eu lembro que chorei porque minha vó não tinha dinheiro para comprar aquela boneca, e acho que essa foi uma das poucas coisas que minha vó não conseguiu fazer por mim.

O primário foi a melhor fase escolar da minha vida, no ginásio eu só queria saber de me formar e deixar tudo aquilo para trás. As minhas amigas mudaram muito, algumas até deixaram de ser minhas amigas pelo fato de eu ser diferente. Na minha adolescência eu demorei a desenvolver, ainda gostava de brincar de bonecas enquanto as outras meninas queriam arrumar namorado. Acho que foi isso que me afastou de algumas 'amigas', no entanto me deu outras amigas mais parecidas comigo nessas questões. Eu sinto muita falta das tarde fazendo trabalho na casa da Liliam ou da Luciene, e do carinho de irmã mais velha que a Luana tinha com a gente, ela dizia que era nossa mãe (haha).

Quando eu larguei as bonecas algumas coisas mudaram, as espinhas só aumentavam e eu quase morria de vergonha por usar aparelho dentário. Eu comecei a querer participar de festinhas que antes não me interessavam e depois de um empurrão da minha prima Aline arrumei meu primeiro namorado. Mas as coisas ficaram realmente ruins quando recebi a noticia de que iria deixar a cidade grande e morar no interior de SP. Deixar toda a minha vida para trás e começar em um lugar novo foi uma das piores coisas pelo que passei na adolescência. Hoje eu vejo que poderia ter lidado com isso de uma outra forma, e sem sombras de duvidas seria a parte da minha vida que eu gostaria de voltar atrás e fazer diferente.

Posso dizer que tirando o fato de ter perdido meu pai muito nova, eu tive uma infância feliz, não digo que foi fácil, mas tenho consciência que poderia ter sido pior se não fosse como foi. Sou grata a todos que me deram o amor de pai, mãe e irmãos, que eu não tive. Já a adolescência foi uma fase complicada, mas pra quem não foi? (hahaha)
Sinto saudades dos finais de semanas que eu e meus primos ficávamos até de madrugada tentando passar as fases do Super Mário no vídeo game, de quando íamos com toda a família para praia e passávamos cerca de quinze dias por lá, era bom de mais! A vida era menos complicada, não enxergava os problemas que enxergo agora, minha unica preocupação era tirar boas notas na escola. Então se você hoje vive essa fase, não tenha pressa, tudo na vida passa, e pode ter certeza que quando você estiver com seus vinte e nove anos como eu, vai sentir muita falta de toda a inocência e toda a tranquilidade da sua infância e adolescência. Pois por pior que pareça, a vida adulta não é tão menos complicada que a adolescência, só que em aspectos diferentes.


Espero que vocês tenham gostado desse tema, me abri em relação a coisas que talvez nem minha família tenha ideia que são lembranças e sentimentos que trago comigo. Aproveite para me dizer nos comentários algo marcante da sua infância ou adolescência, vou adorar saber!

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