
Algum tempo atrás, assisti a um vídeo da autora Nigeriana Chimamanda Ngozi, chamado "O perigo de uma única história". Nesse vídeo, a autora discorre como foi seu inicio no processo de escrita. Apaixonada por história, ainda muito nova a autora começou a escrever sobre garotas de pele branca, que brincavam na neve e comiam maçã. De ondem vinham essas inspirações? Dos livros que chegam até a ela provenientes da Europa. Mas Chimamanda nunca tinha visto neve, não era de forma alguma uma garota branca e comia mangas ao invés de maçãs.
Antes de seguirem lendo meu texto, quero que vocês assistam ao vídeo da Chimamanda
Através do discurso da autora somos levados a um viagem de reflexão sobre como pode ser perigoso adotarmos somente uma verdade como a verdade geral. E é sobre isso que eu gostaria de conversar com vocês hoje.
Comecei minha vida como leitora no ano de 2008, quando ainda estava na sétima serie do ensino fundamental. O primeiro livro que li e me conquistou foi o livro - autobiográfico -da autora nacional Valera Piazza de nome Depois daquela Viagem. Depois desse pequeno momento de prazer, comecei a ler cada vez mais, chegando ao ponto em 8 meses - de Janeiro a Agosto de 2015 - já ter lido 65 livros.
Com uma caraga de leitura considerável, que vai de Jane Austen a Stephanie Meyer , de Machado a Carina Rissi, creio que sou uma pessoa apta a reclamar sobre o perigo de uma única que aparecem nos milhares de livros que são lançados por ano.
Apesar de já ter lido e ainda ler literatura canônica, ou se preferir os clássicos, não só da literatura mundial mas também da literatura brasileira. Hoje, em decorrência do blog, tenho um contingente de leituras best seller maior do que qualquer outro tipo de leitura. E é sobre essas leituras em particular que eu gostaria de falar.
De policial a erótico, li um pouco de tudo no que se refere aos grandes best seller. Apesar das diferenças que existem, existe uma coias que permanece e perpetua todas essas narrativas : o esteriótipo da figura da mulher. Em noventa por cento dos casos a figura feminina já vem pré-fabricada. Altura? Nunca alta, essa é uma qualidade masculina. Peso? Sempre equilibrado, na verdade a mulher e sempre magrinha e com um copo curvilíneo, capaz de fazer qualquer homem babar. Cabelos? Sempre loiros e lisos, com apenas duas variações, o cabelo escuro (moreno preferencialmente) e em raras ocasiões um cabelo ruivo.
Visto isso, pergunto a vocês, cade as personagens femininas negras? As de cabelos crespos? As que são altas? As que estão acima do peso? Cade as que usam óculos de grau - não por um fetiche, mas por necessidade- ? E as que usam aparelhos? Cade as com traços orientais? Traços indígenas ? Cade aquelas personagens que misturam, duas , três ou até todas as caraterísticas acima citadas?
Me digam ondem estão, porque eu simplesmente não consigo achar. Não estou querendo aqui dizer que não existem, ou que devemos para de escrever sobre personagens femininas que sejam loiras, dos olhos azuis e magras. Não devemos excluir um grupo em detrimento do outros. Não é assim que nossa sociedade é formada! Somos uma sociedade de miscigenação. O que quero dizer é que sinto falta do olhar dos autores e das editoras as literaturas que trazem a tona essa discussão.

"O problema com esterótipos não é que eles são falsos, é que eles são incompletos. Eles tornam uma história em A historia."
Porém, não são só mulheres brancas e bonitas que compram esse livros publicados pelas editoras. Então é preciso ter uma olhar de sensibilidade maior ao outro, é preciso pensar que aquela adolescente que compra um livro que vai tratar sobre os conflitos comuns a sua idade, não veja dentro dele somente conflitos comuns a uma tipo de mulher, mas que vejam dentro dele também, discussões sobre como lidar e encarar preconceitos ligados a etnia, a sobrepeso, a cabelo crespos entre outros tantos outros.
Minha mãe já dizia, enquanto existir cavalo São Jorge não anda a pé. Por isso, acredito que as mulheres que não se encaixam nesse padrão pré-fabricado que a maioria dos livros trazem devem dar seu grito. Porque enquanto nós consumirmos literatura que tem o olhar voltado para um único publico sem reclamar, as coisas permaneceram a mesma.
A Disney, uma das maiores produtoras de filmes infantis, tem princesas a décadas e décadas e somente em 2009 foi capaz de lançar um filme com uma princesa negra. Depois é logico de muita "discussão" sobre o assunto. É por isso que eu acredito que se nós, mulheres desse mundo levantarmos a voz, conseguiremos fazer com que as editoras pelo menos nos escutem, e percebam que a diversidade feminina é linda e deve ser mostrada nas paginas dos livros. E quem sabe daqui a algum tempo conseguimos ter personagens principais em grandes sagas - como Jogos Vorazes , Harry Potter, Divergente, Crepúsculo - com características negras, características orientais , indígenas ou qualquer outra característica que represente a diversidade feminina.
Sempre digo, que literatura é um processo de identificação, é por isso que tempos leitores que amam certos gêneros literários e que odeiam outros. Então, como nós, mulheres tão diferentes podemos nós identificar com um único padrão de personagem literário?
Beijos, Anna (:
Por causa desse vídeo que comecei meu projeto de ler um livro de cada país, para sair um pouco do eixo europa/estados unidos...
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirInfelizmente esse estereotipo ainda existe, mas de um tempos pra cá, já comecei a ler alguns livros, que as protagonistas são negras ou estão acima do peso, ainda são bem poucosa, mas já existe uma mudança nisso, pequena, mas existe.
Bjss
Oie!
ResponderExcluirAmei seu texto, acho muito interessante abordar essa temática, pois é algo muito presente em nosso dia a dia. E nos livros não é diferente. Basicamente temos o mesmo esteriótipo de personagens em muitos livros seguidos, o padrão americano, basicamente. O padrão europeu, ocidental e tudo o mais. Não só de raça, mas de corpo e no modo de agir/vestir e as vezes, pensar.
Acho ótimos sairmos da casinha, do usual e terntar ler coisas novas.
Excelente postagem! Adorei mesmo.
Beijo!
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