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Estou aqui, com as coisas espalhadas pelo quarto, com uma folha escrita. Nossa, a prova de Química! Estudei pouco, mas estudei ontem, estudarei um pouco mais amanhã. Esmaltes espalhados pela mesa, livros na cama. E um corpo no meio de toda essa bagunça, e uma alma vivendo dentro desse corpo. Boa parte das coisas ficam no chão, fruto do furacão que sou. Tudo o que me pertence sempre cai no chão, se joga, pula para o infinito. E eu permaneço olhando para o teto, sou metade peso, metade leveza.
E me vejo no meu interior, na fábrica de sonhos que sou. Sou transparente como não queria ser. Sou transparente por causa das letras, por isso estava com medo de encarar uma folha de papel outra vez. E me vejo abaixada, com medo dos tiros. E me vejo menina, com medo de cair. E me vejo mulher, com medo de permanecer em pé. E me vejo chorando em frente ao espelho, depois que não me vejo mais.
Depois me vejo sorrindo, me vejo de coração acelerado, sem um mundo perturbador lá fora. E ouço o som do silêncio, do silêncio que não existia. Mas ele fez esse silêncio existir. Então, me vejo com medo de que não dure sempre. Me sinto idiota por pensar assim, lembro que dizem que sempre existirão outros. Depois lembro que isso não é verdade. Eu lembro de tudo.
Eu nunca sei se é verdade, nunca sei se é apenas uma brincadeira besta. Ainda bem que ele já interpretou algumas frases. Ainda bem que ele tirou algumas das minhas dúvidas.
O cansaço da alma, da alma que é um não sei o quê que só cansa de contemplar o corpo, que só cansa de ouvir o corpo. A alma é pura, mesmo que eu não queira. É só a alma que sofre, sofre o que eu não sofro. O vento é apenas uma brisa, uma brisa que entrou de leve e sussurrou no meu ouvido. Brisa que trouxe estrelas, trouxe sonhos, promessas e alguns medos. Pena que ainda sou uma menina que deita no chão frio para ler um livro.
E tudo o que tenho está jogado, tudo está no chão. Minhas coisas atormentaram-se com a dúvida e a mentira. O que possuo não é tão forte quanto eu. Eu ainda consigo ser o peso entre tanta leveza.
Ainda consigo sentir o beijo que me prendeu na realidade, ainda sinto o cheiro que me tirou da realidade. Ainda sinto tudo, amor. Pena que sou desastrada e complicada demais, assim como ele. Pena que não sou o oposto dele. Eu já senti tudo, já sonhei com tudo. Falta ouvir uma velha frase que só os apaixonados dizem, falta estar ao lado dele mais uma vez. Acho que ele me prenderá no mundo que nunca vivi.
E o medo que me expulsa do abismo é do mesmo tamanho da coragem que me leva até ele.
Uau! Eu queria começar a escrever. Tenho certeza que é bastante libertador. Acho que você muito corajosa em se abrir assim! Quero ler mais textos!
ResponderExcluir@mmundodetinta
maravilhosomundodetinta.blogspot.com.br
Com certeza, é muito libertador. Semanalmente publicarei textos aqui.
ExcluirBeijos!
Olá Gle, já estava com saudades das suas tão adoráveis crônicas, parece que você compreende o leitor e seus contos vem no momento certo em que mais precisamos de ler. Pra mim, só de se deparar com sua escrita já é uma forma de ajuda, a emoção e intensidade que você coloca em cada palavra é bastante nítida ao leitor *---*
ResponderExcluirBeijooos.
Lauro,
http://entreversosepaginas.blogspot.com.br/
Muitíssimo obrigada, rapaz. Tive uns contratempos por conta de semana de provas na escola - que ainda estão em andamento - mas, em breve voltarei ao ritmo normal.
ExcluirBeijos!!!
Nossa, que texto lindo. É muito bom poder escrever e dar margem a diversos pensamentos. Tenho que fazer mais destas coisas também! Parabéns
ResponderExcluirGreice Negrini
www.amigasemulheres.com
Obrigada! <3 Escrever nos faz sentir que estamos vivas, rsrs.
ExcluirMandou bem adorei muito lindo, as vezes me pego nesses momentos!
ResponderExcluirDani Casquet- Livros, a Janela da Imaginação
Obrigada! *-*
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