[Resenha] - A Filha da Minha Mãe e Eu

Autores: Maria Fernanda Guerreiro
Titulo: A filha da minha mãe e eu
Editora: Novo Conceito / Jovem
Ano: 2012
Edição: 1
Páginas: 256
Área Principal: Ficção
Assuntos: Drama

Sinopse: Sensível e tão real a ponto de fazer você se sentir parte da família, A filha da minha mãe e eu conta a história do difícil relacionamento entre Helena e sua filha, Mariana. A história começa quando Mariana descobre que está grávida e se dá conta de que, antes de se tornar mãe, é preciso rever seu papel como filha, tentar compreender o de Helena e, principalmente, perdoar a ambas. Inicia-se, então, uma revisão do passado – processo doloroso, mas imensamente revelador, pautado por situações comoventes, personagens complexos e pequenas verdades que contêm a história de cada um.

Eu fiquei muito entusiasmada com este livro quando li a sinopse, porém não fazia ideia de que ele iria além do relacionamento mãe e filha. Quando comecei a ler pensei que todas as minhas expectativas tinham ido por água abaixo. Acho que isso é comum quando idealizamos muito um livro antes de lê-lo. No inicio tomei isso como um ponto negativo, mas ao finalizar esta leitura, acho que a melhor coisa foi esse livro ter sido totalmente o contrário do que eu imaginei.

Frase do Livro: "E foi assim, entre tantos desencontros, que descobri que existiam duas Marianas: a filha da minha mãe e eu." - Página 29

Tudo começa quando Mariana faz um teste de gravidez e descobre que está gravida, ela fica feliz, mas tem certeza que antes de se tornar mãe, precisa se sentir filha, e essa vontade dela só faz sentido ao decorrer do livro. Dai por diante começa uma volta no tempo. Em meio as lembranças familiares da personagem principal, ela narra desde sua infância, quando ela tinha cinco anos, seguindo pela sua vida afora.

Para mim o livro iria tratar particularmente de um difícil relacionamento entre mãe e filha, e realmente ele até faz isso, mas vai além, passando pelos bons e maus momentos de uma família inteira e não só de Mariana e Helena. O que é um ponto muito forte, pois a autora soube desenvolver vários temas dentro do ponto de vista de um único personagem, e sem deixar a narrativa cansativa.

Frase do Livro: 'Muitas vezes não é o que se diz que magoa, mas o tom com que se fala que faz toda a diferença.' - Página 100

Helena teve um passado difícil, abandonada pela mãe, ela e seus irmãos foram criados pelo pai. Acho que isso acabou a tornando uma pessoa com sentimentos abafados pelo destino. Tito é aquele tipo de pai sem pulsos firmes, que mesmo casado não conseguiu romper o umbigo umbilical com seus pais. Guga é um garoto imaturo, que de tanto receber atenção e amor em exceção, acabou mimado sem saber lidar com os seus próprios problemas. E Mariana sem conseguir o tipo de mãe que sempre quis acabou se apegando ao pai, o que só fez piorar seu relacionamento com Helena.

Presenciar o drama familiar desses personagens me fez ver como eu me enganei achando que certas coisas só aconteciam na minha família. Eu costumo dizer que a minha vida é uma espécie de montanha russa, cheias de altos e baixos, subidas esperançosas e decidas inesperadas. No livro é assim também, cada vez que eu terminava um capitulo um problema era resolvido, mas ao iniciar o próximo um novo drama aparecia, deixando o enredo cada vez mais real. Até criei uma certa familiaridade com as diversas situações citadas. Era como se cada personagem trouxesse um pedacinho de algum dos meus parentes, ou até mesmo da minha história.

Ler 'A Filha da Minha Mãe e Eu' foi como ver uma novela da vida real, onde cada capitulo é cercado por um novo dilema, cheios de conflitos e novas emoções. A autora conseguiu reunir temas polêmicos como aborto, drogas, abuso sexual e muitos outros sem causar dificuldade na leitura. Faço questão de o indicar para jovens rebeldes como Guga e também os mais fechados como Mariana, adultos que vivem em cima do muro como Tito e os que acham que abafando sentimentos conseguirão respeito. Enfim, é o tipo de livro que você deve ler e repassar para sua mãe, pai, irmão, primo ou até mesmo a família toda. O único pecado foi a má correção da editora, que em vários trechos deixou palavras incompletas ou frases faltando palavras.

NOTA:  

Xoxo

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